O Direito Ambiental vem se destacando como uma área de crescente importância dentro do mercado, do campo jurídico e da sociedade como um todo. Para se ter uma referência, já no início desta década houve um crescimento de 10,4% no número de processos ambientais no intervalo de um único ano.
O aumento da conscientização global acerca das questões do clima e a crescente pressão sobre governos e empresas para que adotem práticas mais sustentáveis podem estar entre os motivos por que esse segmento vem ganhando tanta relevância.
No que se refere às companhias, o tema é alvo de forte atenção tanto porque tem potencial para gerar sanções legais como grande pressão de consumidores que priorizam marcas que respeitam o meio ambiente.
Diante desse cenário, advogados especializados nessa área têm um papel fundamental tanto na prevenção de litígios quanto na mitigação de riscos e na promoção do desenvolvimento sustentável.
Quer compreender melhor o assunto? É só continuar a leitura!
O que é o Direito Ambiental?
O Direito Ambiental trata da regulamentação das interações humanas com o meio ambiente, com o objetivo de proteger e preservar a natureza para as gerações presentes e futuras.
Ao contrário de outras áreas que possuem códigos e estatutos consolidados, como a Penal, essa ainda é caracterizada por um conjunto de legislações esparsas. Elas abrangem diversos temas, a exemplo de preservação de florestas, gestão de recursos hídricos, poluição e controle de resíduos sólidos. Isso só denota a complexidade de lidar com a questão.
Os principais objetivos desse segmento incluem a prevenção da degradação ambiental, a reparação de danos já causados e a promoção de práticas de desenvolvimento sustentável.
Ainda que a ausência de um código unificado eventualmente seja um desafio, a fragmentação da legislação ambiental permite que diferentes aspectos do meio ambiente sejam regulados de forma específica.
Atuação do advogado no Direito Ambiental
A atuação de advogados no campo do Direito Ambiental é bastante diversificada, uma vez que essa área do direito envolve tanto questões preventivas quanto contenciosas.
O trabalho é colocado em prática tanto no âmbito consultivo, orientando empresas e indivíduos sobre o cumprimento das normas ambientais, quanto no contencioso, defendendo os interesses de clientes em processos administrativos e judiciais.
Atuação consultiva em Direito Ambiental
Ela envolve a assessoria jurídica preventiva a fim de evitar que empresas ou indivíduos sejam penalizados por infrações ambientais.
Nesse papel, o advogado é responsável por analisar contratos, acompanhar o licenciamento ambiental, elaborar pareceres sobre projetos que possam causar impactos ambientais e orientar seus clientes sobre a legislação vigente.
A prevenção de danos é essencial para lidar com possíveis obstáculos futuros, como multas e processos judiciais.
O contencioso no Direito Ambiental
A atuação contenciosa é necessária quando ocorrem litígios, seja na esfera judicial ou administrativa.
Nesses casos, o advogado fica apto a atuar tanto na defesa quanto na acusação, representando clientes em ações civis públicas, processos administrativos ou criminais.
O Direito Ambiental e o âmbito civil
No âmbito civil, o advogado atua principalmente na reparação de danos ambientais causados por empresas ou indivíduos. Os estragos podem ser materiais ou imateriais. As ações civis visam tanto a reparação do meio ambiente quanto a compensação de eventuais danos causados à coletividade.
Direito ambiental na esfera administrativa
Nela, o advogado atua em processos movidos por órgãos de fiscalização ambiental, como o Ibama e secretarias estaduais de meio ambiente. Costumam resultar na aplicação de multas, interdição de atividades e outras sanções.
A defesa administrativa é essencial para empresas que desejam contestar autuações ou negociar Termos de Ajustamento de Conduta, ou TACs.
Direito Ambiental e o segmento penal
O Direito Ambiental também abrange o Direito Penal, principalmente por meio da Lei de Crimes Ambientais. Ela estabelece penas para práticas que causem degradação ao meio ambiente, como o desmatamento ilegal, a poluição e o tráfico de animais silvestres.
Nesse âmbito, o advogado atua na defesa de acusados de crimes ambientais, buscando a absolvição ou a mitigação das penas.
Princípios do Direito Ambiental
O Direito Ambiental é orientado por uma série de princípios fundamentais que guiam a aplicação das normas e regulamentos ambientais.
Um dos principais é o da precaução, que estabelece que, diante da incerteza científica sobre os potenciais impactos proporcionados ao meio ambiente por uma determinada atividade, deve-se adotar medidas preventivas para evitar danos.
Ou seja, na ausência de certeza sobre os riscos, a precaução deve prevalecer.
Entre outros princípios estão:
Princípio da prevenção
Este indica que medidas devem ser tomadas sempre que os riscos ambientais forem conhecidos. Ao contrário da precaução, que se aplica na ausência de certeza científica, ele é adotado quando já se sabe que determinada ação tende a causar danos ao meio ambiente. Nesse caso, a prevenção visa a mitigação de impactos.
Princípio do poluidor-pagador
Esse princípio estabelece que o poluidor, seja ele pessoa física ou jurídica, deve arcar com os custos necessários para reparar os danos ambientais que causou. Além disso, ele é responsável por prevenir novos danos, internalizando os custos ambientais de suas atividades.
Princípio da responsabilidade
O princípio da responsabilidade está intimamente ligado ao princípio do poluidor-pagador e estabelece que aquele que causar danos ao meio ambiente tem o dever de repará-los integralmente.
A responsabilização pode ser civil, penal ou administrativa. O objetivo é assegurar que o meio ambiente seja restituído às condições anteriores à degradação, sempre que possível.
Princípio do equilíbrio
O princípio do equilíbrio defende que o desenvolvimento econômico e social deve ocorrer em harmonia com a preservação ambiental, garantindo que as atividades humanas sejam sustentáveis.
É especialmente importante em contextos onde o crescimento econômico tende a colocar pressão sobre os recursos naturais.
Princípio democrático
Refere-se à participação da sociedade nas decisões e políticas ambientais. A transparência e o acesso à informação são essenciais para garantir que todos os cidadãos consigam participar ativamente na proteção da natureza, influenciando decisões que afetam os recursos naturais e a qualidade de vida da coletividade.
Principais leis e instrumentos do Direito Ambiental no Brasil
O arcabouço jurídico do Direito Ambiental no Brasil é composto por diversas leis e regulamentos que visam proteger a natureza e regular as atividades humanas que impactam os recursos naturais.
Nesse sentido, a própria Constituição Federal de 1988 se destaca. Nela, o artigo 225 estabelece que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo tanto ao poder público quanto à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as futuras gerações.
A Política Nacional do Meio Ambiente, ou PNMA, também merece atenção porque criou mecanismos como o licenciamento ambiental e a avaliação de impacto ambiental, ou AIA. Tratam-se de instrumentos fundamentais para o controle das atividades potencialmente poluidoras.
A Lei da Ação Civil Pública, a Lei de Crimes Ambientais, o Código Florestal e a Lei dos Recursos Hídricos também são extremamente importantes quando se trata de Direito Ambiental.
Uso de tecnologias no Direito Ambiental
Para quem atua no Direito Ambiental, as tecnologias de gestão jurídica são grandes aliadas como forma de manter controle sobre todas as questões que envolvam as empresas e o meio ambiente. Por exemplo, a Gestão Eletrônica de Documentos, ou GED, tem se mostrado uma ferramenta essencial na atividade de quem se especializa nesse assunto.
Com a grande quantidade de documentos e dados gerados na área, como licenças, estudos de impacto e relatórios de auditorias, a utilização desse tipo de recurso permite que toda a documentação seja organizada, armazenada e acessada de maneira eficiente e segura.
A segurança da informação é outro aspecto crítico na gestão de dados em escritórios de advocacia no contexto ambiental, onde documentos confidenciais e sensíveis, como estudos de impacto e dados sobre compliance, estão em jogo.
O uso de tecnologias jurídicas, como o Lawyer Eleven, conseguem incluir sistemas robustos de segurança da informação que protejam esses conteúdos contra acessos não autorizados, vazamentos e perdas. O uso de criptografia, controle de acesso por níveis de autorização e backups automáticos são algumas das medidas que garantem a proteção de dados em escritórios que atuam em questões ambientais.
Gostou deste conteúdo? Você pode continuar a leitura do blog para se aprofundar em temas como Direito Ambiental e outros. E, se quiser um conteúdo rápido para leitura básica, vale a pena conferir o artigo Glossário descomplicado de tecnologia para advogados 4.0.